25 de set. de 2015

O Côro


Oi Pessoal, tudo bem? Já faz algum tempo que não escrevo aqui e hoje tive vontade falar com vocês de uma outra forma. Não sei se sabem, mas uma das minhas artes favoritas é o cinema. A música fala ao meu coração de uma forma muito forte, mas o cinema fala com minha psique. A música me conforta, me alegra, me anima e o cinema me disciplina, me constrói, me ensina. Eu sempre assisto muitos filmes cujo tema é música, uma forma perfeita de integrar minhas 2 paixões e eu decidi que sempre que assistir um filme bom, pra essa nossa alma de artista, sensíiiiiivel demais, vou escrever aqui minhas impressões à respeito. Deixando claro que não sou cineasta, não pretendo falar nada técnico, somente falar como meu coração reagiu ao tema.

No filme de hoje, um tema muito especial é tratado: O Côro. Como muitos sabem, eu sou cantora de um Coro profissional aqui em São Paulo e tem sido um longo e árduo trabalho, ser parte desse grupo. O filme conta a historia de um garoto meio vira-lata, que não conhecia música formalmente, mas que cantava. Então eu já me identifiquei, porque essa é minha historia ne? Tudo o que eu sei, aprendi com meus colegas de trabalho. Pessoas pacientes que suportaram minha arrogância e ignorância dia após dia e calmamente, (nem sempre tão calmamente) me direcionaram para o conhecimento que tenho hoje. 

No filme, vi os garotos cantando uma canção japonesa antiga, chamada Hotaru Koi e lembro como eu apanhei pra cantar cada um daqueles A3 absolutamente afinados e com a mesma emissão. Lembro das piadas e das mil risadas que demos juntos todas as vezes que cantávamos. Nosso código secreto de cantar rindo de determinada cena, sem que ninguém desconfie do que estamos lembrando. Ver esses garotos cantando isso com tão pouca idade e lendo, solfejando, entendendo os acordes me faz pensar que Hollywood é meio mentirosa, mas eu penso isso porque me sinto mal de só ter esse conhecimento depois dos 25!
 Eles cantaram também o Spem in Alium de Thomas Tallis, uma peça dificílima de juntar. 
As vozes separadas são até simples, mas cantar junto é bem difícil, porque é um moteto que deve ser cantado em circulo e subdividido em 8 grupos, sendo que cada grupo está dividido em 5 vozes. Nossa regente, sempre nos apresenta à obra coral de primeira linha, fizemos essa peça em 11 Dez de 2011 e nos espalhamos pela Sala São Paulo, uns no palco, outros às portas, outros no mezanino, escadas... pra criar a polifonia adequada à essa música. Pesquisando agora, pra escrever pra voces, descobri outra curiosidade! Thomas Tallis agora é Indie!!! O cara está nas paradas de sucesso, porque naquele livro (QUE EU NÃO LI!!!) aquele das cores monocromáticas, rsrs - 50 tons de cinza - parece que a personagem principal fala pornograficamente do Thominhas! Pobre Thomas! Enfim, tem uns artigos interessantes na internet sobre isso, procurem! Ta aí o Link pra vocês se deliciarem visualmente com as notinhas! Pra mim já tá óooooootimo! 


Mas o que eu queria mesmo falar é que, Duvi-de-o-dó que crianças de 12 anos cantem isso ok? Que coisa gente, to me sentindo até mal! rsrs 
A história do filme fala um pouco sobre a competitividade que rola entre solistas do côro, voces querem saber se é assim mesmo? É assim sim! rsrsrs. Infelizmente. Mas o mais legal é ir lá na frente, com toda a uruca rolando e mesmo assim, conseguir cantar, se entregar nos braços da música e esquecer tudo que está em volta e só flutuar. Só Deus pra nos tirar do terreno e nos permitir adentrar o divino, somente Ele nos ergue e apesar dos nossos metais pesados, nos eleva e nos ama suficientemente para compartilhar algo tão belo conosco. 

Ah, o filme aborda também a relação do maestro com seus pupilos... O maestro é sempre duro, bravo e mandão. É o jeitinho fofo deles de dizer que te acha digno e que por isso vai te testar pra ver se voce aguenta! rsrs.  Minha regente, é assim também. Braaaava, exigente e eu tenho o maior ciúmes dela, porque ela só elogia os meninos sabe? Ta sempre brigando com a gente que é soprano e sempre fala que contralto é o máximo! Ela foi e é sempre muito exigente com todos nós, mas tem um coração mole... chora durante os concertos mais emocionantes, sofre com a gente quando estamos com algum problema e está sempre nos impulsionando e exigindo mais e mais de nós, assim, nunca paramos de crescer. Imagine, ler uma nota errado perto dela é pedir pra tomar bronca! O ouvido dela é implacável! rsrs, e nisso o filme também aborda de forma realista esse relacionamento entre o regente e o coralista. A gente acaba se amando mesmo... Vira família!

Divirtam-se e me contem o que mais gostaram!

Ah, uma ultima curiosidade: O Pie Jesu que o menino canta, é do Requiem de Fauré, e esse foi o primeiro solo que eu fiz, na escola municipal de musica. Pra mim o filme foi só emoção.

Beijos

Nat

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